quinta-feira, 26 de março de 2009

Professor!! Poesia? Pra quê?

- Moça eslovena:

Há uma história maravilhosa de um escritor argentino, cujo nome não me lembro. No colegial, certa feita, entrou na sala de aula um professor estranho, meio lerdo, meio triste, que iniciou sua aula assim:
- Meu alunos, sou o professor de Filosofia, disciplina que, como se sabe, não serve para nada.
Intrigados, os alunos se entreolharam como se dissessem com os olhos: "finalmente, um cara honesto". O professou fez uma pausa e acrescentou:
- Agora, peço permissão a vocês para gastar o restante do tempo da aula falando sobre nada.
E mandou ver: uma belíssima aula sobre o nada e suas consequências na vida de cada um de nós. Naquele instante, o aluno, que se tornaria escritor, tomou uma decisão: "Quando crescer, quero ser professor de nada". Formou-se em Filosofia e tornou-se escritor.
Essa história maravilhosa é contada, com engenho e arte, por Affonso Romano de Sant'anna.

A poesia é extamente isso: nada e não serve para nada. A despeito disso, sem ela, a vida ficaria um pouquinho mais pobre e muito menos instigante.
Quintana, o inventor da simplicidade, afirmava: "A poesia é a invenção da verdade".

Pronto, moça, aí está a resposta. Se quiser, publique.

Cordialmente,

velho Ancião.


De uns tempos para cá, o Professor Cineas Santos virou exímio internauta. Lembro das primeiras vezes que estive lá em seu escritório na Oficina da Palavra que ele se negava veementemente a aderir à era da informática. Belo dia, porém, ganhou um pc novinho, monitor LCD grandão dos mais modernos... deu nisso: passou até a divulgar poesia na rede. Nós aqui, internautas convictas há uns 15 anos, pedimos sua autorização para transformar os e-mails, doravante, num novo blog: Da necessidade da poesia. Por Cineas Santos, que abrimos com a seguinte postagem:

Irmãos e irmãzinhas: há poemas que você lê e se pergunta: - Por que não escrevi isso, meu Deus? "Fábula", de Nelson Nunes, é um deles. Preciso e exato como deve ser um poema capaz de emocionar. Uma semana luminosa para todos

FÁBULA

O mar
céu subterâneo
cheio de mistérios
e estrelas apagadas

No fundo claroescuro das águas
algumas estrelas caídas viram peixes
outras
os peixes comem.

Um dia
um pescador comeu um peixe
que havia comido uma dessas estrelas
e toda a sua fome se fez luz

(Nelson Nunes - Baião de Todos)

Um comentário:

  1. AMOR-BANDIDO:
    Um amor que assassina:
    Gente letrada bandida,
    Crime da rica fingida
    Mulher culta mas ferina.

    Na violência de classes:
    Rico e pobre igualdade,
    Com toda pura maldade;
    Todos gentes são subclasses.

    Elise amor mata Marcos:
    Como pode tanto ódio;
    Estão todos mesmo barcos.

    Humanos são selvagens:
    Matam por pura vingança
    Mas para levar vantagens.

    DEMPARASO/ ADÃO SALINA

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